segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Homem tem que comparecer!

Homem tem que comparecer! Essa é uma frase que praticamente todo homem já escutou ou ainda vai escutar. Mas nos últimos dias e lendo um pouco do famoso blog “Desvendando os homens” onde o autor de forma muito inteligente além de falar das várias artimanhas masculinas para conquistar e manipular as mulheres – aliás quero agradecer a minha querida amiga B. por ter me indicado – também aborda o tema de como o machismo pode ser uma pressão para nós homens. E lá eu não vi ele falando sobre esse tema... Mas olhem, não quero aqui colocar os homens como coitadinhos, vítimas do sistema blá blá blá não... Quero propor uma outra abordagem para essa idéia (chamo de idéia porque não creio que deveria chamar de conceito, não quero ir pro lado filosófico demais também). Percebi também que talvez não fosse uma palavra muito constante no vocabulário feminino (pelo menos foi o que eu percebi), mas é sim bastante circulante nos meios masculinos, mas de uma forma mais rasa... Por isso decidi elaborar um pouco aqui. Vamos lá. 


Por que uma outra abordagem pra esse tema? Porque comumente é relacionada apenas a tão falada “hora H”. Ou seja, a impressão que eu sempre recebi desse termo é a de que o homem não pode brochar nessa hora crítica. Isso seria demonstrar fraqueza, falta de virilidade, muitas mulheres muito equivocadas se põem inseguras, acham que o cara não ta mesmo afim delas, ou até mesmo riem, ridicularizam o homem no memento que está mais sensível. SIM, ESSE É O MOMENTO ONDE O HOMEM ESTÁ MAIS VULNERÁVEL!! Poucas coisas são piores para um homem do que ele brochar, e ainda por cima se a mulher com quem ele está o ridiculariza ou diminui por isso. E como ele está muito vulnerável nesse momento, muitas vezes apela-se para o recurso de defesa mais conhecido por nós A VIOLÊNCIA. Isso é muito grave, e acontece muito não só hoje em dia, mas acho que desde sempre. O cara pra não ir pro canto chorar (lembrem-se que homem também não chora) de vergonha porque com certeza está tão separado do que ele sente que não sabe porque aquilo está acontecendo (muito menos justo com ele, com quem isso nunca acontece! - com certeza as meninas já ouviram isso), ele parte pra agressão, verbal ou física. Não digo isso pra avisar as mulheres que sempre tem que achar que ele é coitadinho nem nada, senão ele parte pra porrada... Quero apenas elaborar esse tema sobre os pontos de vistas possíveis e tentar entender o que acontece. Só de ter alguém que o escute vai fazer você ganhar mil pontos com esse cara. Normalmente nós não temos com quem falar sobre aquilo que nos aflige. Por isso muitas vezes as prostitutas são procuradas nem tanto pra sexo, mas pra que o cara tenha certeza que alguém vai escutar ele. 


Parecia bastante óbvio né? E é só a gente se debruçar um pouco sobre o tema que ele mostra suas complexidades... Como estava dizendo, essa abordagem inicial e até mesmo básica desse tema nos faz perceber o quanto isso está ligado a cultura machista ocidental e latino-americana de que o homem não pode falhar, pode até ser imperfeito, mas na hora da cama isso é fora de cogitação para a maioria. Essa é a maneira que eu gostaria que mudasse a partir de hoje. Minha idéia sobre isso é bem outra...



O que e entendo disso é o seguinte: comparecer não é só ser bom de cama rapá, ter uma ereção quando ela é necessária, mas sim ESTAR PRESENTE NA VIDA DA MULHER COM QUEM SE DIZ QUE ESTÁ. Isso é muito importante. Não digo de estar na mesma festinha que você com certeza sabe que ela vai estar, ou depois de 2 semanas sumido “dar uma moral pra mulé”, aparecendo por meios eletrônicos (!!!), mandando mensagenzinha perguntando “oi linda, mó saudade de tu” e logo em seguida um (clássico) “quero te ver” ou “preciso te ver” ou mesmo “poxa, você sumiu”... Só uns exemplos dos clássicos da lábia carioca... Desculpa aí, mas isso não é comparecer. Isso é marcar território, como um cachorro que levanta a pata pra mijar no poste. Ou seja, o cara que faz isso acha que a mulher é um poste, que vai ficar ali parada esperando ele! No meu ponto de vista, isso não é se comportar como HOMEM, mas sim um quadrúpede com whatsapp. Fala sério né!? Preciso comentar isso mesmo? Acho que não. 


Vamos ao ponto agora. Pra mim COMPARECER (com todas as letras maiúsculas) é estar ali pra sua mulher! Mas ali sempre! Pra tudo! Ser presente na vida dela como ninguém mais pode ser! Porque digo isso...? Se ela está com alguém, se te deu espaço, condição, o que seja... É PORQUE ELA ESCOLHEU! E isso tem que ser valorizado. Não to dizendo que o cara deve viver em função da mulher e se esquecer, esquecer dos amigos nem nada disso. É ter maturidade pra assumir para si mesmo que você quer estar com ela. Não se enganar (nem a ela) dizendo que você tem uma viagem pra fazer se o que você quer mesmo é estar com ela. Sem isso de medo que a mulher vá “montar” em você... Mas ser minimamente honesto pra desmarcar um compromisso com ela por alguma razão mas que arranjar um jeito de estar com ela depois. Avisar que vai ligar pra ela tal dia E LIGAR! Não desaparecer, como todos os outros quadrúpedes que ficam o tempo todo ao redor dela. Dizer de estar num lugar e ESTAR lá! Acredito que seja uma idéia bem simples o que eu estou tentando dizer aqui, ser sincero não só com ela, mas também consigo mesmo. Quem sabe naquela hora que ela te afrontar (porque ela vai) você estar tão tranqüilo com você mesmo e com a consciência tão tranqüila que ela vai ver nos seus olhos que você não está mentido (porque elas vêem, mas muitas fingem que não vêem – talvez finjam a te pra si mesmas o que é muito triste) e vão ter uma mescla de satisfação, alívio e ORGULHO de você. Isso ao tem mastercard que pague e elas vão te recompensar da MELHOR maneira possível. Sei disso porque toda minha vida praticamente convivi com mulheres que choraram pra mim me perguntando porque nós somos tão complicados e eu sempre dizia. Nós não somos complicados, vocês querem acreditar nisso pra justificar as ações do bando de cafageste que tem por aí, que talvez se não fosse assim seria totalmente inacreditável. Isso sempre me fez pensar em como as pessoas agiam, e talvez isso me fez entrar na psicologia. No final do curso essas coisas ficaram cada vez mais claras quando eu via meninas absolutamente fantásticas, geniais mesmo estarem com uns caras que não as valorizavam! Aí eu pensei, se até elas caem nisso é porque realmente querem acreditar que não somos essas bestas feras que muitos são. Por isso escrevi esse texto. Quem sabe alguém lê e isso muda um pouco sua visão das coisas...? Acho que é um dever de quem entende um pouco isso de compartilhar essa “sabedoria”, que eu, pelo menos, aprendi com elas.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Ahhh! Essas mulheres...

“Hay que endurecerce, pero sin perder la ternura jamás.”
                                                                  (Che Guevara)


            Madrugada de quinta para sexta, estou eu aqui na frente do meu computador escrevendo este texto. Sim, eu desonrei o meu compromisso de postar na quinta-feira. Para quem me conhece bem, não existe coisa mais chata para mim que não cumprir com o que eu falei ou prometi...sou uma mulher de palavra. Levo os meus compromissos bem a sério, tanto que meu texto já estava pronto desde segunda. Mas, algo aconteceu... a B., sabendo que eu sou partidária de um tópico polêmico, me mandou ontem um texto. Li e achei bem sacal, mas meio que não liguei. Até que no dia seguinte, o tal texto tinha virado um viral no facebook. Várias amigas que são mulheres inteligentes, cultas, divertidas (gente fina mesmo, sabe?) estavam compartilhando e achando isso tudo o máximo. Pensei comigo...WTF? E exatamente nesse momento que o texto que escrevi anteriormente foi “engavetado” e resolvi vir até aqui para perguntar... “O que está acontecendo com as mulheres?”
            O texto foi escrito num dos blogs do Estadão, por uma mulher (não, não foi por um homem!) e me soou tão estranho, com um discurso “feminista” (que na verdade não é) que não me agrada nem um pouco. A autora fala de mulheres que, como ela, foram criadas para serem tudo aquilo que um homem não quer, justamente por serem independentes, bem sucedidas, autônomas, sem tempo para malhar por trabalharem demais, com uma caixa de e-mails lotada e sem talento para os afazeres domésticos. E justifica a sua dificuldade em arrumar um parceiro devido ao fato de ser esse tipo de mulher. Sim, talvez seja mesmo, principalmente porque foi um discurso tão “fodão” que me pareceu meio arrogante. Entretanto não creio que a problemática seja o gênero, pois se eu conhecesse um homem assim, eu juro que eu corria como o diabo foge da cruz.
            Eu acho que o buraco é mais embaixo, e eu juro que adoraria saber em qual momento as mulheres passaram a adotar o discurso que ser mulher (mulher mesmo, mulherzinha) é feio, que gostar de tudo que lembre aquela figura feminina anterior ao movimento feminista como cozinhar, cuidar da casa ou até mesmo ser vaidosa seria algo menor. Me digam, quando o feminino saiu de moda? Lembro de quando entrei no mercado de trabalho e também fui para a área acadêmica fazer o meu mestrado, vivia recebendo olhares com uma certa desaprovação por eu estar maquiada, bem arrumada, de unha feita e ainda ter outros assuntos que não eram profissionais ou acadêmicos. Com esses olhares, vinham comentários de outras mulheres, no estilo... “Eu sou tão estudiosa que eu não tenho tempo para essas firulas”, ou “Eu sou competente demais para me olhar no espelho antes de sair de casa e ver que a minha roupa está vergonhosa para atender um paciente (Sim, mas gostaria só de lembrar que apresentação no seu ambiente profissional também conta, tá?), ou até um "até parece que eu vou entrar numa cozinha para fazer algo para alguém". Reparei que muitas das mulheres que chegam “no topo”, só o fazem porque “se fantasiam” de homem. O ideal de mulher bem sucedida, a tal “fêmea fodona” ( do latim. Feminas fodonis.), é a mulher dura, forte, prática, perfeccionista, rígida, ocupada ao extremo e com características que são consideradas por essência masculinas. Me atrevo a dizer, que mulheres na atual conjuntura ainda não sobem de cargo, na verdade, quem sobe são os homens, pois se elas adotam uma imagem masculina, logo, elas são homens-de-saia. Não há espaço de destaque para as “mulheres padrão” na sociedade.
            Observo em tudo isso, tanto no texto citado como nas minhas experiências pessoais, que o universo feminino se divide em dois... ou você se torna uma mulher quase homem ou você é a “mulherzinha submissa e frágil”. Ok, Eu não estou aqui para responder o texto da blogueira ou dizer que ela é "isso ou aquilo", pois cada um tem a sua vivência,  mas estou aqui para pontuar a minha visão, que é aquela que tenta (pelo menos tenta) prezar pelo equilíbrio. Mas não! Eu não me submeto a qualquer uma das duas possibilidades apresentadas! Não quero ser a que não tem vida própria, contudo não quero ser a outra que tem orgulho de não saber fazer nenhuma atividade doméstica. E cá entre nós, eu não sou a mais “fofa” não, mas, eu não me encaixo no esteriótipo de fêmea fodona, e nem pretendo! Me desculpem! Eu quero ser forte, mas sem perder a ternura jamais! Quero ir fazer muay-thai e poder responder que a minha impressionante flexibilidade que me faz dar chutes altos se dá por conta de anos de aulas de dança, quero cozinhar bem pra caramba e ainda assim estudar, quero dirigir mal (em 1 ano de carro já arranhei as duas laterais, posso?) e assistir UFC, quero ser uma mãe nota 10...mostrar o Mundo para os meus filhos e também trabalhar e ter o meu tempo, quero ver Sex and the City e poder confessar que eu adoro Transformers (eu sei, isso é chocante!), e digo mais, se alguém me der um liquidificador de presente não vou chorar, tá? Na verdade, eu vou amar! Mas me dêem um daqueles importados lindos com copo de vidro que são quase um item de design na cozinha. Adoro design, adoro coisas vintage. Tenho um mega orgulho da minha batedeira kitchen aid vermelha, que eu trouxe de viagem. Quero tudo que é o tal “feminino feio” sem vergonha e sem medo de ser “inferior”...quero vaidade, maternidade, romance, barbies, saias e vestidos, um estojo cheio de canetas coloridas, cremes, almoço com as amigas, revistas de fofoca, unhas pintadas de vermelho, flores, chorar baldes assistindo “Diário de uma paixão”, poder ser carinhosa e compreensiva, ter medo de barata e usar um avental lindo com estampas de cupcakes. Não abro mão disso! Mas também não abro mão do profissionalismo, dos filmes de ação, de beber tequila, de falar uns palavrões de vez em quando, de jogar video game, de gostar de certas "nerdisses" e de ter um gosto musical meio "masculino". Certamente, a palavra chave é equilíbrio. Amigas, tentar ser homem é desperdiçar a sua oportunidade de ser mulher.
            Quanto aos homens? Olha, eu nunca vi nenhum fazer esse tanto de exigência que a moça do blog diz. Sempre fui de namorar, de ter relacionamentos longos e ninguém nunca me pediu para não trabalhar, para lavar cuecas, para dar satisfação do que eu comprei ou para não ser independente. Até porque o oposto de independência é dependência, e ninguém (seja homem ou mulher) quer um ser chato, dependente e cheio de demandas do lado. Nunca ouvi nenhum homem falar que deseja uma mulher submissa ou mandada. Mas, eu acho que eles querem mulheres, querem o que é diferente, assim como nós queremos homens, e eu particularmente jamais gostaria de um metrossexual ao meu lado. Você pode não precisar de um homem, e saber fazer um monte de coisas tão bem quanto eles, mas não é legal quando fazem algo por você? Qual o problema de alguém trocar o meu pneu? De cuidar do namorado (marido e afins), quando ele está doente? De mimar o outro? De fazer um bolo? Isso é ser submissa? (Só para constar, tem horas que a submissão tem graça. Viu?) A graça não é a troca? Não é aprender e ser influenciado pelo outro, independente do background de cada um? Sempre tem algo que o outro vai fazer melhor que você. E não é legal trocar e aprender? Eu, particularmente, adoro! O cara não tem que ser o C.E.O de uma empresa para ser apaixonante, aliás ele não "tem que" nada, mas pode te fascinar por ter uma visão de Mundo interessante, por ter características próprias que te atraem, pelo fato de você gostar de conversar com ele, ou por saber um monte de coisas que você adoraria aprender, porque o conceito de "pessoa ideal" é subjetivo e varia de pessoa para pessoa. Pode ser foda em outros aspectos que são diferentes dos seus, e isso é a graça da história. O cerne da relação não é a competição, é o intercâmbio! Uma vez li em algum lugar que os melhores relacionamentos não são partidas de tênis, onde um joga para o outro perder a bola, mas sim partidas de frescobol, em que quanto mais o outro pega a bola mais divertido o jogo fica.
            Meu Deus! Como todos nós, digo homens e as próprias mulheres, não temos a mínima noção da ideia de feminismo. Os homens acham que mulheres feministas vão jogar na cara o fato de ganharem mais, de terem mais estudo, de terem sucesso, de serem independentes. As mulheres por sua vez, adoram ser mimadas, protegidas e acreditam que precisam de parceria no relacionamento, contanto que não sejam elas que estejam “segurando a peteca”, e quando o fazem acham o cara um folgado, reclamam e dão até umas indiretas. Querem ser entendidas, mas não querem entender. Querem ser apoiadas, mas não querem apoiar. Quando eles compram algo é “nosso”, mas quando elas compram é “meu”. Escolhe, pô! Ué? Cadê o discurso de parceria? Será que a blogueira iria querer a tal parceria com um homem que não conseguiu manter o padrão fodástico inatingível dela? Ou ela vai querer um cara para brincar de competir? Acredito que tem certas mulheres que não estão prontas para terem sucesso. Me desculpem queridas! Mas é verdade! Parece que passamos anos tendo direitos tolidos, e agora que temos a possibilidade de fazermos o que bem quisermos, resolvemos andar por aí gritando aos quatro ventos o quanto somos boazonas. Ou entramos na competição, e para isso criamos a exigência de fazermos tudo o que eles fazem, só que melhor! E isso vem a ser uma puta (precisei falar essa  palavrinha mágica porque só exprime a magnitude do que quero falar!) escravidão. Continuamos presas, então? Tô fora, galera!
            Então, eu vou gastar um parágrafo explicando exatamente o que vem a ser o feminismo, tá? Feminismo não é a expressão usada para designar a superioridade feminina, e sim a igualdade dos sexos. Somos iguais! Vamos dividir tarefas, ganhar salários semelhantes ao exercer a mesma função, vamos nos respeitar, ok? Tá vendo como é simples! Então mulher, quando você fala que está “bancando” o marido que perdeu o emprego e está procurando por outro (Se fosse com você, podia né?), que tira onda que é executiva enquanto o parceiro é autônomo (não tem como comparar carreiras diferentes. Seria como comparar o planeta Marte com bolo de chocolate), ou acha que precisa de “privilégios” e faz o cara de "escravinho" por estar numa posição "superior" seja socialmente, financeiramente, ou culturalmente do que ele, você está sendo...machista! Só para avisar! Meninos, aquela imagem que te incutiram de mulher histérica que queima sutiã e joga na sua cara que é mais esperta que você, não é de uma mulher feminista...é de uma mulher machista! Adoramos sutiãs, de preferencia bem bonitos que é para vocês gostarem também, tá? Uma mulher feminista não pensa nada disso, muito pelo contrário. Elas acreditam que tudo isso é muito natural, posto que somos iguais e temos os mesmos direitos. Não importa quem ganha mais, quem faz o que, quem tem o maior QI, ou quem tem curso disso ou daquilo, até porque a vida é uma roda-gigante, um dia você está por cima e no outro por baixo. E eu acho tão legal gostar de alguém integralmente, porque é o pacote completo que se leva, não? Não existe outra opção!
            Eu fui criada numa família com um pai que é militar, prático, mas fofo, vive me pedindo carinho e é meio manteiga derretida. Quando eu era pequena ele cuidava muito de mim, me deu muita mamadeira e me levava para passear para dar uma “folga” para a minha mãe. Um avô que é estrangeiro, engenheiro, conserta tudo em casa, mas também lava a louça, bota a mesa do café e chora quando escuta certas músicas. A minha mãe é a típica dona de casa, optou por isso (sim, podemos optar por sermos o que quisermos) e diz que ama cuidar do lar dela, é muito boa em esportes, sabe trocar pneu e matou uma cobra, no sítio em Petrópolis (eu tinha 7 anos e tirei muita onda no colégio!). Minha avó cozinhava e costurava super bem, mas era muito boa na matemática (me ajudava nos deveres de casa), falava inglês, alemão, e um pouco de francês e latim, era super inteligente, jogava tênis, dirigia, e entendia tudo de política. Minha tia (a irmã do meu pai) tem um cargo bem alto no seu trabalho, viaja o Brasil todo e às vezes vai para o exterior, é bonitona, bem vaidosa, e é uma das pessoas mais doces do Mundo. Vocês precisam ver como ela trata o meu tio, mesmo depois de estarem mais de 35 anos juntos! Minha madrasta é funcionária pública de um órgão do governo bem importante e tem um cargo de chefia, mas é super feminina, faz uma das melhores comidas do Mundo e é um amorzinho. Talvez, seja a partir dessas minhas vivências, do meu background familiar que eu aprendi que dá para conciliar. Dá para ser um mulherão e ao mesmo tempo ser meio moleque...dá sim!
E...tão lindo como uma mulher “de verdade” com acertos e fraquezas, é um homem assim. O clichê de homem fodão também é um saco, né? Como eu adoro os humanos... eu gosto dos caras fofos mesmo, dos sensíveis, dos sentimentais, dos “normais”, dos que “pagam paixão”, dos que te olham com aquele olhar de menino mesmo já sendo homens feitos, dos que são mais descolados e menos cheios de sí, dos que nem são sarados mas são lindos na sua simplicidade, dos mais reservados e tímidos, dos que não te levam para aqueles programinhas clichê tirando onda por terem conseguido uma reserva no restaurante da modinha, dos que riem com você, dos que não são 100%, até porque eu mesma não sou 100%. Não pretendo ser a tal mulher fodona e nem acho legal um Zé fogão. 
Sim, sou muito orgulhosa com meus feitos acadêmicos e profissionais, não minto sobre isso, até porque eu me acho o cavalo azarão do páreo, eu cheguei por insistência e sei que ninguém esperava muito de mim. Mas eles não me representam integralmente, eles só representam uma parte de mim, demonstram que eu me sacrifiquei (às vezes eu me pergunto, o porque), que eu tive interesse em saber mais porque eu sou curiosa e gosto do que eu faço, que eu precisei correr atrás do meu porque eu não ganhei nada dos meus pais, que eu fui testar meus limites como estudante (ainda faltam outros limites, esses não são os únicos!). Eu sou bem mais que isso! E isso me doeu no texto da blogueira, ela não falou de nenhum passatempo, da sua cor preferida, dos seus sonhos, suas manias, do que ela quer descobrir com a vida. Ela só me apresentou o seu curriculum (passa lá no RH, gata!) e uma série de feitos excepcionais. Me conta uma derrota, aí? E Deus! Como eu adooooro histórias diferentes. São as melhores, as mais engraçadas, as que rendem, são as que colocam seu pé no chão, que te situam no Mundo, e são as que mostram que apesar de tudo... você levou numa boa. Já contei que eu caí da cadeira no meio da aula de física, sendo que eu sentava na primeira fileira, quando eu fazia o terceiro ano? E que eu tive que sair da sala porque EU não parava de rir? Todo Mundo já tinha parado e eu continuei rindo de mim por uns 20 minutos! Que fui fazer pré-vestibular no pH e tinha um menino (não sei até hj quem era) que sempre escrevia recadinhos românticos na folha de chamada, que passava de mão em mão, e em toda aula o professor lia em voz alta os recadinhos e me chamava de musa, o que me fazia querer ser invisível? Que ontem eu botei fogo em um pano de prato e ele queimou todinho? Que minhas amigas me sacaneiam porque eu não sei assoviar e toda vez que toca uma música que tem assovio (tipo Patience do Guns) elas falam para eu dublar? Que a B. zoa o meu sotaque gaúcho (eu sou carioca, a minha mãe que é gaúcha) quando eu falo "tio"e "rio"? Que eu uma vez tomei um porre imenso num show que chovia horrores e me pegaram chorando com uma música do Skank  (Eu odeio Skank! Só para constar... foi "dois rios") e até hoje eu nem sei porque? Que eu fiz muitas aulas de surf e a única coisa que ganhei com isso foi uma cicatriz no joelho? Ih...tem muita história! Numa boa, eu nem quero saber se a outra tem um curso de francês na Sorbonne (Parabéns!), se ela ganha rios de dinheiro, se ela é a pica das galáxias, mas antes de tudo eu quero saber quem ela é na fila do pão como pessoa, como ser humano. Nos relacionamos, de uma forma geral, com pessoas e não com objetos, títulos, dinheiro, sobrenomes. 
A minha grande conclusão nisso tudo é...Cada ser humano é um vasto universo de coisas. Podemos ter vários lados, várias facetas, e sempre iremos aprender com os outros. E são essas variáveis que formam a combinação única que você é. Eu vou morrer, sabe? Você também! (E vocês irão me ver falar muito sobre isso aqui!). E sabe o que vai sobrar disso tudo? Nada! Só vou levar comigo o que eu vivi. Então, antes de tudo, desejo não me submeter a escolha de um padrão pré-estabelecido, de fazer o que eu gosto, me cobrar menos, ser mulherzinha meeesmo (“e se isso for fraqueza, pois que seja fraqueza então!”), de ter os meus momentos “Jorjão” (como no dia que enfiei a porrada num moleque folgado na aula de muay-thai e depois enfiei o dedo no rosto dele e disse que se ele fosse folgado mais uma vez, eu ia quebrar ele lá fora! Foi beeem engraçado!), se ser alegre e leve mas ao mesmo tempo ter um lado triste, de aprender, de dividir, de construir um lar, der ter filhos gente boa, ver o Mundo com os meus olhos, de alcançar meus objetivos pessoais, de ajudar as pessoas próximas a alcançarem os delas também, de jogar muita conversa fora, de amar e ser amada, de eu mesma criar a fórmula, a tal receita, da minha vida. Não, queridos, não vou seguir nenhuma receita pronta! Vou seguir os meus instintos, vou sentir, vou respeitar o tempo (até porque para o inconsciente ele não existe!) e ser...gente!
            Para a autora do blog e para as amigas que compartilharam fica a frase para reflexão... “Eu sou tão foda, mas tão foda, que acabo me fodendo com a minha fodalidade”. Menos, meninas, bem menos... mais leveza! Muita calma nessa hora! Dá para ser tudo o que vocês querem, sem clichês, tá?

Vejo vocês em 7! A A. não vai poder "comparecer" na próxima quinta, então como tenho um texto pronto, vou postar!
Até lá!
C.



segunda-feira, 16 de junho de 2014

Por novos amanheceres...

Eu fui criado num lugar cuja paisagem natural de oferece espetáculos quase diários... Todo dia de manhã e à tarde o céu dá um show de cores fortes e vibrantes. O azul celeste se misturando com o laranja e o violeta é mesmo incrível. E o que não me chamava a atenção até trocar de país é que as cores são bem marcadas, não tem degradée nem muita diferença entre os tons. Mas tudo isso passa despercebido quando se está dentro de um ônibus lotado, num engarrafamento da Av. Brasil ou tantas outras nesse país.

Quando você muda de cidade, a gente começa a ver tudo diferente... Mais ainda quando se muda de país, de latitude. Eu sempre fui apaixonado pelos céus e tudo o que acontece lá em cima, até quis ser astrônomo quando era criança e via o Carl Sagan falar sobre as estrelas, mas minha aptidão para a matemática e a física nunca foi grande... Mesmo assim nunca me cansei de observar o céu. Sabe aquele menino que vivia no mundo da lua, andando pela rua de noite olhando pra cima...? Então, era eu. E depois de grande percebi que pouquíssima gente repara que nenhum atardecer ou amanhecer é igual ao outro.

Isso sempre me fez pensar... que nenhum momento é realmente igual ao outro. Há uma vasta lista de pensadores, escritores e filósofos que falam sobre isso, essa inconstância na qual a gente vive e como deveríamos aproveitar isso e fazer valer os momentos de nossa curta vida.

Agora eu vivo em Buenos Aires, muito porque eu tento viver isso de verdade. Tive várias pessoas na minha vida que me ensinaram a não desperdiçar esses preciosos momentos. E mesmo que eu tenha saudade de casa, mesmo que sinta (uma imensa) falta das conversas de bar com meus amigos e amigas, e às vezes me entristeça por isso, penso que estou aqui por minha vontade, foi o meu desejo que me trouxe até aqui e que estando aqui devo apreciar as belezas do meu novo lugar. E uma coisa que se destaca aqui é a cor das nuvens quando amanhece e anoitece. Lhes confesso: isso é esplêndido também!

Enquanto no Rio as cores são marcadas, aqui o que domina é o degradée... os matizes de laranja, salmão e talvez baunilha (já começo a viajar aqui rsrs) às vezes parece um quadro impressionista em tons pastéis. Essas cores que nunca foram reais pra mim, e que eu aprendi a diferenciar por estar onde eu estou, agora fazem parte do meu cotidiano; e talvez por ser de fora dê mais atenção do que aquele que sempre morou aqui. E mesmo no inverno, quando faz frio e amanhece mais tarde, tudo ganha um tom mais violeta e roxo, rosa, e vai passando pro azul bem devagarinho. O que me deixa meio mal é que quase ninguém se dá conta disso aqui também. Talvez por isso escrevi esse poema pra compartilhar com vocês essa minha admiração por esses espetáculos da natureza sempre à nossa disposição em qualquer lugar do mundo...

O pacto

Hoje quando as portas da noite
desse inverno portenho
lentamente se abriram
e a luz do sol adentrou o dia
tão timida e doce...

Confesso que meu coração
se amaciou com tamanha humildade

E perguntei à Alvorada
como pode a luz do Sol
sentir vergonha...

Ela me respondeu
com sua face avermelhada..
que tanto faz ela brilhar através da bruma do inverno
ou resplandecer os dias de primavera...
Me disse que ninguém notava

Que os poetas não lhe escreviam mais versos
que antes era mais querida,
mais desejada, mais amada
que o mundo não deseja mais a beleza da aurora

Pensei... de fato.
Algo precisava ser feito
e lhe propus um pacto.
eue ela ia continuar brilhando como sempre

E que eu, humildemente
serei seu poeta
e mesmo à custa do meu sangue, desta alma minha
ia fazer de tudo
para que o mundo notasse sua beleza

Ela prometeu fazer a sua parte...
Só espero poder
fazer a minha.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

E amanhã, como vai ser?!


Sabe quando você se sente tão perdida, tão perdida que você se acha?!

Então...minha história começa por aí...

Insatisfação. Cansaço. Interrogações internas sobre porquê mesmo eu me meti em certas coisas. Porque mesmo queria tanto aquelas coisas que conquistei? 

Daí veio a segunda fase...

Comecei a ver que inteligente mesmo eram aqueles que escolheram um caminho MUITO mais simples que o meu.
Como pode? Eu!?! Uma mulher independente, eficiente (e dá-lhe o perfeccionismo!), segura, que sempre se orgulhou de saber o que queria na vida, com um trabalho incrível (mais ou menos do jeito que sonhei) que me rendia uma bela grana no fim do mês (`as custas de muitas horas de dedicação e deslocamento pela cidade toda), que tinha a sorte de morar num dos lugares mais lindos do mundo (na Cidade Maravilhosa, claro!). Euzinha mesma estava começando a carregar dentro do peito uma sensação de... "hum...não, não é bem isso".

E aí a terceira fase. A terceira fase?

Putz...na terceira fase só sobrevivem os fortes. 
A tal da inconstância predomina. 
Uma hora tudo que eu queria era ser a melhor profissional do mundo. E seguia bem no estilo Pinky e Cérebro...

No dia seguinte eu parava e apreciava uma amiga: nossa, que *FODA* ela trabalha (só) 3 vezes por semana! Não era esse meu objetivo no início de carreira? Ops... 
P.S.: *esse texto merece palavrões completos, nada de sinaizinhos, ok?*

E sem falar na auto-sabotagem & negação...
Mais e mais clientes, workshops, trabalho aos sábados, pós-graduação, "poxa, não posso ir só vou chegar `as 22hs do trabalho hoje, de repente dou uma passadinha depois!".



É...Se você entrou (conscientemente), tropeçou (quase que por acaso), caiu (deu mole) ou se estabacou com todo o seu peso nessa mesma historinha de vida: bem-vindo ao clube!! Eu me estabaquei bonito!!
E nessa fase, eu só consegui ver 2 caminhos. 

Um caminho era: se agarrar com muita fé, mais muita fé mesmo na ideia de que ser crazy-busy é o que há!! Ter muitos compromissos, mil coisas para fazer, ter sempre que correr de um lado para outro... e então isso me faria sentir-se viva, útil, uma pessoa que corre atrás, importante, de valor...e portanto (!!!!) que merece coisas boas da vida!?! Oi?!Essa ideia não cola em mim... não cola, já tentei, juro, simplesmente não rola... Mas talvez o destino, Deus, as estrelas ou o alinhamento dos planetas haveria de ter me ajudado, quem sabe?!!

Mas para uma boa samaritana ateia como eu, a palavra que melhor resumia a situação era fudeu!! O famoso ou vai ou racha!!
Esse blá blá blá não ia rolar pra mim, precisava mesmo VIVER a mudança e SER minha própria mudança para sentir que "Opa, encontrei!". 
Acreditar em ajuda para ter dias melhores não é exatamente a minha praia, minha especialidade é fazer, eu mesma, meus dias melhores (quase que diariamente...). 

O outro caminho que me restou foi então... Respirar e jogar tudo para o alto.
.
.
.
.
.
E não, não catar nada no dia seguinte!!!

Então...minha história, NA VERDADE, começa por aqui...

A.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Me diga o que é melhor? Navegar ou ficar a ver estrelas?
Uma reflexão acerca do medo de ser feliz..


Primeiro, gostaria de dizer à vocês que eu “mudei totalmente o rumo da minha prosa”. Este era para ser um texto sobre ira, raiva, tudo o que implode a gente. Mas é que hoje eu me dei conta de uma coisa muito doida que teima em acontecer comigo.
Eu estava conversando com um cara que eu admiro muito pela sua generosidade, mas apesar de toda essa admiração, eu sempre senti que esse cara tinha uma trava. Sei lá, é como se apesar de ser muito generoso, ao mesmo tempo fosse muito mesquinho consigo mesmo. É paradoxo, mas surge em mim toda vez que a gente fala sobre a vida. Como se fosse uma inflexibilidade consigo; a palavra é travado mesmo, não tem outra melhor. Quando olho para ele me vem sempre a mesma metáfora: deu a largada e o homem não foi... Travou. Não sei se vocês conhecem alguém assim, mas comigo não sei se é Karma, ou o que, mas essas pessoas vivem aparecendo no meu caminho. Em todas as esferas: pacientes, parentes, amigos etc... Confesso que isso me enche de raiva. Fico furiosa, irada! Como assim? O cara consegue a pole posicion e desiste de largar,...( três pontos em homenagem ao palavrão que eu gostaria muito de registrar aqui, mas por razões óbvias acho melhor não dizer...). Nunca consegui entender.
Apesar de tudo isso me fazer pirar, eu não sou de desistir. Acho que quanto mais a gente varre para baixo do tapete, mas o lixo espalha. Então, eu decidi fazer duas coisas: a primeira é escrever, pensar sobre o assunto. A segunda, é compartilhar com vocês esse pensamento.
Lendo um texto de Freud, que se chama “Arruinados pelo sentimento de êxito”, me dei conta da seguinte frase: “(...) a auto-sabotagem é inerente. É como uma marca, existente no organismo humano. Mas, como nós médicos bem sabemos, nem toda genética se manifesta. Para mim, desculpem-me a audácia, o que traz à luz essa marca é o ressentimento.” Bingo, bingo, bingo!!!! Alguma coisa se iluminou para mim neste momento. Um oásis em meio ao deserto. Pensei: então, o sujeito toma uma porrada da vida, uma dessas bem doídas (cada um pode imaginar o que quiser). Dói pra burro. O sujeito não consegue lidar com o sofrimento, a mágoa se torna muiito profunda. Aí, vira ressentimento. Até aí tudo bem. O problema é o seguinte: esse mesmo sujeito vive uma coisa que se chama vida, que é incontrolável, imprevisível(desculpem-me os controladores, mas é!!). Provavelmente, ele vai Ter que passar por outra situação que envolva risco, conflito, confusão.... aí, o sujeito vai e trava o canal. Engarrafa o cosmo, com medo de doer, medo de sofrer. “Ai, eu não sou capaz”, “vou sofrer”, “deixa pra lá”. Eis a auto-sabotagem. Para mim, isso é desistir de viver. Desistir de tentar, desistir de se arriscar. Agora me digam pra quê? De que adianta a gente tá aqui se não for pra se envolver com a vida, com os outros, com o mundo? Assistir essas pessoas medrosas me coloca em contato com a minha ira mais profunda. Principalmente, quando esse “engarrafamento” me atinge. Porque aqui nesse mundo tudo tem um efeito dominó. O que um faz resvala no outro e assim vai. E o pior é que pode atingir o outro em proporções até maiores do que vai atingir quem começou com a brincadeira.
É, acabei falando sobre a minha ira, mas, o que eu queria dizer é que, gente, a vida é curta, não atravanquem o caminho, pelo menos não o dos outros. Se não for pra andar, saiam da pista. Subam uma montanha e virem uma árvore. Não ficariam no caminho e ainda ajudariam a purificar o ar.
Do que adianta ficar a ver estrelas com os pés plantados no chão. Não sei vocês, mas eu prefiro navegar....
bjs a todos..


quinta-feira, 5 de junho de 2014

O ato das palavras...


“She had always wanted words, she loved them; grew up on them. Words gave her clarity, brought reason, shape.” (Michael Ondaatje, The English Patient).


Eu sempre gostei de atos e ações. Sim, são sim os meus preferidos! Quanto mais grandiosa a atitude, maior o meu fascínio. Gosto de gente que bota a cara a tapa, toma atitude, faz umas loucurinhas de vez em quando e vai fundo quando quer algo. Então, seria meio lógico eu acreditar que palavras são inúteis, que palavras são somente palavras...só que não (risos). Eu acredito no poder do discurso, na necessidade de se falar coisas, de se expressar (seja a forma que for). Existe um fluxo, um caminho em que as palavras são as grandes condutoras do entendimento, da cura, do acesso aquilo que se sente. Sou encantada por palavras, desde que elas sejam reais, tenham intenção, tenham objetivo e sirvam para conectar. Senão...porque expressar?
            E é isso que eu vivo diariamente...vivo com palavras, com o discurso e com ações também. Eu envelheci 200 anos depois que eu comecei a fazer o que faço. Eu estaria mentindo se eu dissesse que eu tinha ciência do maior presente que iria ganhar... ter a chance de viver muitas vidas, participar de mudanças extraordinárias e inúmeras vezes ser a única a saber certos segredos. Sabe...as pessoas se despem emocionalmente na minha frente todo dia. Nesse tempo todo, vivi inúmeras vezes, toquei e fui tocada, influenciei e fui influenciada. E eu sei o quanto isso é magnífico e como é especial fazer parte disso. Sempre tento ter em mente aquela frase do Jung... “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
            Eu coleciono histórias... prefiro ler biografias, gosto de saber o por que e para quem cada música que eu gosto foi escrita, até se o filme for sobre uma história real eu tenho o dobro do interesse. Por que é interessante ter consciência que qualquer coisa por mais fantasiosa pode acontecer na vida real. E acontece! Se você consegue imaginar é porque é possível, não? E eu vejo tantas ironias, coincidências, e reviravoltas  acontecendo todo santo dia .
            Bom, talvez os meus textos sejam meio loucos, sem nexo, sem rumo... Mas eu vou me valer da total falta de pretensão que um blog tem e topar o desafio com os amiguinhos. Acho que vai ser bom abrir o baú da minha "extroversão introvertida" e falar das coisas mais singelas, das memórias infantis, de todos os filmes bons que eu já vi, do que é genérico e do que não é, das minhas opiniões e do que não é meu, de coisas que aconteceram e de outras que não aconteceram, do que eu quero que aconteça, das escolhas, dos desejos, das pulsões, para falar do que é aparente e do que está escondido nas profundezas da escuridão, dos erros e acertos, do que foi dito nas entrelinhas, daquilo que se falou erroneamente tentando esconder o que é óbvio, e do que nunca foi falado, e se eu não tiver assunto passo até a receita do meu brigadeirão de microondas.
            Sim, tenho em mente que minha carreira de escritora (risos) durou muito pouco... um bimestre na escola quando eu ganhei o concurso de poesia (#chupemcdfs). A minha poesia era sobre o mar. Bom, eu devia estar com algum complexo de Fernando Pessoa, né? Além das poesias em inglês do livro que meu avô, se eu não me engano, trouxe da Irlanda de algumas das férias que ele passou lá e costumava ler comigo ficando extremamente orgulhoso se eu decorasse (Até hoje eu tenho “I wandered lonely as a cloud” ressoando loucamente na minha cabeça! ahaha!). Então, não esperem nada de excepcional a não ser o sentido de tudo.
E como escreveu o querido tio Charles (eu curto muito o velhinho)...

“So you want to be a writer...
if it doesn’t come bursting out of you
in spite of everything,
don’t do it.
unless it comes unasked out of your
heart and your mind and your mouth
and your gut,
don’t do it…”
(Bukowski)


Anyway, be my guest!
Vejo vocês em 14…
Passo a bola para a querida  B.
C.



segunda-feira, 2 de junho de 2014

Até onde nos leva um beijo

Olá a todos, quero inaugurar esse blog com uma história. Há 4 anos atrás ia pra uma festa de casamento de um amigo meu e acabei conhecendo uma menina que ainda não sabia, mas ia mudar a minha vida. Eu como tinha acabado de sair de uma relaçao que não tinha terminado bem, estava na minha e não dava muita bola, era extrangeira, estava com o irmão, e tals... Com uma mega tatuagem de ondas do mar na perna esquerda. Eu nem queria chegar muito perto pra não atrapalhar a conversa que tinham os dois, até pq eu não falava nehuma palavra de espanhol, depois de um tempo descobri que era da Argentina. Não, não me animei em fazer alguma piada sobre o Maradona nem nada, achava que ela ia me dar um tapa ou coisa assim. Chegamos um dia anters da festa, e o pessoal com quem eu fui dividiu 2 quartos com 4 camas... e adivinhem... fiquei no quarto com a menina. Até aí de boa... Cada um na sua. Saímos todos pra tomar uma cerveja na cidade e papo vai papo ve, começaram uns olhares diferentes... Ah, não mencionei que ela tem uns olhos verdes impressionantes...

Na volta da festa nem nada, ela (que tinha ido só mesmo a passeio, n
ão ia pro casamento desse meu amigo) saiu com o irmão pra outro lugar e eu cheguei da festa (bêbado, obviamente) e apaguei praticamente com a roupa que estava...
No dia seguinte, acordamos, fizemos "check-out" e simbora pra casa. Outra coisa que esqueci de mencionar. Casa era Rio de Janeiro e o casamento, em Passos, Minas Gerais. 12 horas de viagem... Um do lado do outro conversando, e do lado de fora, uma paisagem incrível. Na metade do caminho estávamos grudados, eram só sorrisos... Conversávamos com música... Ela me mostrava o candombe, Jorge Drexler, o rock de Soda Stereo e Gustavo Cerati (uma vergonha isso não ter chegado a terras tupiniquins - eu nunca tinha ouvido falar) e eu mostrando O Rappa, descobri que eles conheciam Legião e Cazuza, mostrei Cartola, Chico e Seu Jorge (que ela adorou) e outros músicos e outras músicas...

Tudo muito lindo... Até o momento que descobri que ela ia voltar a Buenos Aires na manh
ã seguinte, e eu ao trabalho... E todo esse tempo eu, que sempre fui um nerd tímido e meio gago, não tinha tomado coragem de chegar nela de verdade. Mas aí não teve jeito e a resposta foi positiva! Que alívio senti, e que alegria! No momento do beijo (que naquele momento pensamos que era de despedida) me senti vivo como nunca achei que podia depois do que tinha me passado...

E realmente nos despedimos... cada um foi pro seu lado (mas claro, com os contatos de e-mail e messenger, sim, ainda se usava, e muito messenger naquela época). E a gente continuou se comunicando e o sentimento foi crescendo via online... Até que um dia eu aceitei o convite dela de conhecer sua cidade... que era linda, cheia de livrarias, uma vida noturna que até hoje me surpreende. Depois de idas e vindas dela e minhas, decidi morar com ela (algo difícil de fazer por um filho único com m
ãe leonina superprotetora). Mas superando os medos e dificuldades me mudei para Buenos Aires de vez. E me casei com ela... 

Minha vida mudou completamente... e hoje olhando para trás, vejo que aquele beijo mudou minha história. E por isso ponho este poema aqui, de minha autoria para incentivar a todos e todas a nunca perderem uma oportunidade que a vida lhes concede. Eis o poema:
Beijo

O que é um beijo
senão um jogo
de lábios, língua e desejo?

Um desejo suculento
brincalhão
pulsante
e maciço

como o aço que corta a carne
abre espaço para o sangue fervente
a rocha líquida
de um calor incontrolável

Um desejo interminável
de brincar com fogo
de deixar sua língua
deslizar pela pele

Por que preocupar-se
em competir?
O jogo já está perdido

De uma maneira ou de outra
ninguém sai ileso
o fogo sempre ganha


Próxima quinta, posta a nossa querida C.